Sunday, February 19, 2006

the danish cartoon


"Que algumas manifestações tenham sido organizadas não deve surpreender-nos, porque já se sabe como é fácil. E também não me surpreendeu a violência com que se deram. O que me apanhou mesmo desprevenido foi a irresponsabilidade do autor ou dos autores dos desenhos. Alguns opinam que a liberdade de expressão é um direito absoluto, o único direito absoluto que existe, enquanto todos os outros são relativos. A realidade crua impõe limites. Imaginemos que o desenhador dinamarquês, em vez de fazer um desenho a ridicularizar Maomé, faz um dizendo que o director do jornal é um imbecil. Seria muito corajoso, mas no dia seguinte estaria provavelmente na rua. [... Autocensura?] Não se trataria de autocensura, mas de usar o senso comum. Numa situação como a que vivemos, e conhecendo a susceptibilidade que há em redor destes temas, o senso comum ditar-nos-ia o que fazer. Alguém verdadeiramente responsável que tivesse consciência de que um desenho pode ser como lançar gasolina sobre o fogo, guardá-lo-ia para melhor ocasião."

José Saramago, excerto de um texto publicado no El País

Coloquei aqui o texto para apenas para explanar a minha opinião acerca deste escandâlo. Totally opposite! Yeah!
(tive que colocar o cartoon, faltava alguma polémica no blog!)

Monday, February 13, 2006

bah!

...E então eu peguei no braço da Joana, como tinha combinado com o meu cérebro instável centésimas de segundo antes, e aproximei-o do machete. Ela nesta altura já não falava coitada, estava em estado de choque.

Eu acho que ela nunca imaginara que arrancar dentes sem anestesia e com alicate de oficina fosse tão doloroso como foi. Eu pelo menos nunca imaginei que fosse tão engraçado. É que é mesmo de ficar "vivo"!

Excepto a parte da saliva e do cuspo, isso dispensa-se.
Mas sentir aquele "marfim" dúctil a sair da carne e a deixar um espaço livre que torna as gengivas flácidas, a escorregarem para o vazio, uuiiiiiii, e é quase pecado aquela ternura com que as raízes dos dentes se separam da carne. Eu aconselho os caninos e os incisivos , são maiores do que parecem (aumentando a surpresa) e estão cá à frente, os molares por exemplo são mais complicados e acabamos por sujar as mãos todas a tentar chegar lá. Bem mas avançando,
a Joana estava em choque mas dava para perceber que não lhe apetecia ficar sem mão, mas não tinha que apetecer, eu cortei. E depois pensei -

bem cortei a mão, mas assim o antebraço deixa de ter utilidade, então cortei pelo cotovelo - e depois pensei -

Espera lá isto também não tem grande jeito, ela assim também não vai precisar do braço (a parte restante, que correspondia ao úmero) - então cortei pelo ombro, bem rente, bem perfeitinho.

Merda!

Pronto isto foi estúpido, e foi estúpido porque eu estava para ali a perder tempo, ou seja, estava preocupado com a futura funcionalidade das maleitas que estava a infligir na Joana, merda!, quando tinha estabelecido logo desde o princípio que ela não ia sobreviver. Que estúpido. Que perda de tempo. Depois chateado comigo mesmo acabei por afogar a Joana no tanque do armazém.

E quando sai bati com força a porta do armazém. Merda!

Monday, January 23, 2006

life and light

Cheguei. Finalmente cheguei e era França.

Fumada como um cigarro era França. Um cigarro ranhoso, todo lambido e sem filtro.

Era frágil, Era vidro-quase-cristal, não Era fácil Era frágil-vidro-quase-cristal.

Era também fémur, feminino e fino. Era criativo e criava facilmente. não fragilmente mas sim facilmente.

Era um corropio de gentalhas e de divórcios impraticáveis e de pesadas malhas.

e digam-Me alto, respondam-Me alto, caiam por aí abaixo de tão alto Me falarem:

Era finalmente, fumada, filtro, frágil, facilmente fácil, feminina e fina, Era ou não Era França?

caiam agora. caiam então agora.

mas não me deitem abaixo. que eu quero. eu quero chegar atrasado ao funeral.
ao meu funeral





porque estou vivo.

Sunday, January 22, 2006

coming soon

"Um aviso?
Já te avisei que não aviso. Apareço de repente."

- quase se vê o vermelho do sangue, non?

Tuesday, January 17, 2006


A escuridão acomoda-se.
Os morcegos batem as asas, batem nas asas, batem para as asas, batem nas portas, janelas e paredes, e povoam as ruas desertificadas pela noite que cria novos lugares.
Cá dentro o verde lânguido substituiu-se por verde garrafa,
e eu fermento esse "liquído", que demorou dias, meses, anos a tornar-se esse "liquído".

A solidão (e não só a minha) grita do meu interior para acordar o meu exterior.
As luzes passam e mexem-se. As cores ficam e acabam por incomodar, e o meu interior grita para acordar o meu exterior (e não só o meu).
É uma pena a minha inspiração não ser nem arterial nem cerebral, ser sim inconsistente.

Os amigos veêm-se, não se falam, outras vozes falam por eles, não se apertam;
e o que não se aperta ... acaba por se perder.
Lá fora o vento não corre, o calor não muda, e eu fico igual. A gritar de dentro para fora. (e não sou só eu)

Friday, December 30, 2005

garfield knows the feeling 1

Um império começa quando um ano acaba (e daqui ainda se vai fazer história). é provavelmente da maneira que se acaba bem este ano e se começa bem o seguinte. obrigado pelo convite inesperado a uma participação que se baseará mesmo no conceito do inesperado. ao blog e a todos: um bom ano novo.